terça-feira, 26 de outubro de 2010

Amor só, não basta!


Aos que não casaram,
Aos que vão casar,
Aos que acabaram de casar,
Aos que pensam em se separar,
Aos que acabaram de se separar.
Aos que pensam em voltar...

Não existem vários tipos de amor, assim como não existem três tipos de saudades, quatro de ódio, seis espécies de inveja.
O AMOR É ÚNICO,
como qualquer sentimento, seja ele destinado a familiares, ao cônjuge ou a Deus.

A diferença é que, como entre marido e mulher não há laços de sangue,
A SEDUÇÃO
tem que ser ininterrupta...

Por não haver nenhuma garantia de durabilidade, qualquer alteração no tom de voz nos fragiliza, e de cobrança em cobrança, acabamos por sepultar uma relação que poderia
SER ETERNA

Casaram. Te amo pra lá, te amo pra cá. Lindo, mas insustentável. O sucesso de um casamento exige mais do que declarações românticas.
Entre duas pessoas que resolvem dividir o mesmo teto, tem que haver muito mais do que amor, e às vezes, nem necessita de um amor tão intenso. É preciso que haja, antes de mais nada,
RESPEITO.
Agressões zero.

Disposição para ouvir argumentos alheios. Alguma paciência... Amor só, não basta. Não pode haver competição. Nem comparações. Tem que ter jogo de cintura, para acatar regras que não foram previamente combinadas. Tem que haver
BOM HUMOR
para enfrentar imprevistos, acessos de carência, infantilidades.
Tem que saber levar.

Amar só é pouco.
Tem que haver inteligência. Um cérebro programado para enfrentar tensões pré-menstruais, rejeições, demissões inesperadas, contas para pagar.
Tem que ter disciplina para educar filhos, dar exemplo, não gritar.
Tem que ter um bom psiquiatra. Não adianta, apenas, amar.

Entre casais que se unem , visando à longevidade do matrimônio, tem que haver um pouco de silêncio, amigos de infância, vida própria, um tempo pra cada um.
Tem que haver confiança. Certa camaradagem, às vezes fingir que não viu, fazer de conta que não escutou. É preciso entender que união não significa, necessariamente, fusão.
E que amar "solamente", não basta.

Entre homens e mulheres que acham que
O AMOR É SÓ POESIA,
tem que haver discernimento, pé no chão, racionalidade. Tem que saber que o amor pode ser bom pode durar para sempre, mas que sozinho não dá conta do recado.

O amor é grande, mas não são dois.
Tem que saber se aquele amor faz bem ou não, se não fizer bem, não é amor. É preciso convocar uma turma de sentimentos para amparar esse amor que carrega o ônus da onipotência.
O amor até pode nos bastar, mas ele próprio não se basta.

Um bom Amor aos que já têm!
Um bom encontro aos que procuram!
E felicidades a todos nós!

Artur da Távola

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Gosto de Infância

Infância para mim era coisa séria, de viver intensamente sem precisar se arrepender na hora de ir dormir; de aproveitar cada instante e ainda pedir "só mais um pouquinho, mãe!" Infância de vários sabores, odores e que os anos não trazem mais.

No meu tempo, na minha eterna infância na roça:
Falava Senhora (or.) para os avôs;
Subíamos em árvores para brincar de espaço-nave;
Fugia por um minuto de casa e voltava quando dava fome;
Escondia-me debaixo da cama;
Corria descalço pela chuva e passava a noite tomando chá;
Fazia piquenique com bolacha recheada e suco;
Roubava carne na panela da casa de vó;
Tinha tênis com luzinha e cheiro de chiclete;
Brincava de boneca até 13 anos e adorava desenhos animados (que não era pica-pau);
Criança tinha piolho e dava um trabalhão;
Adorava Chiquititas e coreografias musicais;
Colecionava figurinhas e cartões telefônicos;
Tinha sempre um vestido ultra - mega preferido e usava roupas remendadas pela minha mãe até elas virarem farrapos, assim eu podia fazer bolinhos de lama.
Jabuticaba era o baú de tesouro encontrado depois de uma longa aventura pelo mato;
Brincava de casinha e cortava a barriga das bonecas para ver o que tinha dentro;
Maquiagem era coisa de gente grande e esmalte só depois dos sete anos;
No meu tempo de criança lamber a panela do bolo era a maior conquista;
Namorar era coisa nojenta;
Jogar bola era melhor que tudo;
Primos eram irmãos; tios davam presente;
Avô dava dinheiro; os amigos do meu pai davam bala;
Domingo era um dia inesquecível;
Brincar de escolinha era melhor que escola de verdade;
E deveria ter uma copa do mundo de elástico;
Pula-corda era brincadeira de família;
E esconde-esconde só tinha graça quando subia na cama, pulava janela, e demorava muito para aparecer;
Brincar com faca era perigoso, dor de garganta deva dengo e novela no rádio de pilha era emocionante.
As manhãs de garoa tinham chimango quente e as tardes tinham doce de manga verde;
Umbu era para serem pegos ainda "inchados" e comidos com sal;
Natal tinha presépio, terno de reis e frango assado no fogão a lenha;
Energia elétrica era um sonho e as noites tinham fantasmas;
Ir a cidade era ganhar na mega sena; comer pastel, comprar roupa nova; ver os carros e parar horas e horas vendo os brinquedos da vitrine.
Mas o melhor de ser criança era dormir no meio de meus pais numa cama apertada, aquecida e protegida dos trovões e dos relâmpagos das noites chuvosas.

Ah!! Como foi bommm!!!

E as lágrimas que molham essas teclas agora não são de tristeza, mas por saber que eu tive tudo isso e muitas crianças jamais desfrutarão dessa tão doce, inocente e mágica infância.